Introdução: A orientação do hipotiroidismo subclínico, particularmente a forma leve, permanece indefinida. Os nossos objetivos foram avaliar a orientação do hipotiroidismo subclínico em crianças e adolescentes e o curso natural em doentes seguidos de forma conservadora. Material e Métodos: Foram analisados retrospetivamente os registos clínicos de doentes com idade inferior a 18 anos, encaminhados ao nosso departamento de endocrinologia pediátrica por hipotiroidismo subclínico entre 2009 e 2014, com ≥1 ano de acompanhamento médico. Foram excluídos doentes com idade <1 mês e níveis de TSH (thyroid-stimulating hormone) <5 uUI/mL. O hipotiroidismo subclínico foi considerado quando níveis de TSH> 5 uUI/mL com tiroxina livre sérica normal. Hipotiroidismo subclínico leve e grave foram definidos para valores de TSH <10 uUI/mL e ≥ 10 uUI/mL, respetivamente. Resultados: Foram avaliados 69 doentes (62,3% eram meninas) com uma idade mediana ao diagnóstico de 8,0 anos [(percentil 25 - percentil 75 (P25-P75): 4.75-11.0) anos )]. A maioria dos doentes (80,6%) apresentava sintomas e a tiroidite de Hashimoto foi a causa mais frequentemente identificada. A forma leve de hipotiroidismo subclínico foi diagnosticada em 79,7% dos doentes. Todos os doentes com hipotiroidismo subclínico grave iniciaram levotiroxina, em contraste com 43,6% em doentes com hipotiroidismo subclínico leve. Entre os doentes não tratados, 73,3% tinham TSH normalizada após um ano de acompanhamento e nenhum evoluiu para hipotiroidismo evidente. Conclusão: A forma leve de hipotiroidismo subclínico foi a mais comum e, entre os doentes seguidos de forma conservadora, a maioria apresentou normalização da função tiroideu um ano após o acompanhamento e nenhum evoluiu para hipotiroidismo. Os nossos resultados reforçam o conceito de que, na maioria dos doentes, o hipotiroidismo subclínico é uma condição benigna com baixo risco de progressão para hipotiroidismo. No entanto, são necessários estudos adicionais para avaliar os potenciais efeitos a longo prazo em doentes não tratados e esclarecer o melhor acompanhamento clínico.
Introduction: The ideal management of subclinical hypothyroidism, particularly the mild form, remains unclear. Our objectives were to describe the clinical management of subclinical hypothyroidism in children and adolescents and the natural course of the disease with conservative management. Material and Methods: We retrospectively analyzed clinical records of patients, under the age of 18 years, referred to our pediatric endocrinology department due to subclinical hypothyroidism between 2009 and 2014, with ≥1 year of follow-up. Patients under one month of age and with TSH (thyroid-stimulating hormone) levels <5 uUI/mL were excluded. Subclinical hypothyroidism was considered when TSH levels >5 uUI/mL with a normal serum free thyroxine. Mild and severe subclinical hypothyroidism were defined when TSH was <10 uUI/mL and ≥10 uUI/mL, respectively. Results: We included 69 patients (62.3% girls) with a median age at diagnosis of 8.0 [(25th percentile-75th percentile (P25-P75): 4.75-11.0)] years. Most of the patients (80.6%) were symptomatic and Hashimoto thyroiditis was the most frequent identified cause. A mild form of subclinical hypothyroidism was diagnosed in 79.7% of the patients. All patients with severe subclinical hypothyroidism initiated therapy with levothyroxine in contrast with 43.6% in the mild subclinical hypothyroidism group. Among patients not treated, 73.3% had TSH normalized after one year of follow-up and none progressed to overt hypothyroidism. Conclusion: The mild form of subclinical hypothyroidism was the most common type pf disease and, among patients managed conservatively, the majority presented normal thyroid function after one year of follow-up and none progressed to overt hypothyroidism. Our results reinforce the idea that, in most patients, subclinical hypothyroidism is a benign condition with a low risk of progression to overt thyroid dysfunction. However, further studies are needed to evaluate the potential long-term effects of the condition in untreated patients and to clarify the best clinical approach and follow-up strategy.